sábado, 10 de outubro de 2009

Dura lida

Se a gente trabalha o quanto pode
mas não pode fazer o quanto quer
É que o quanto isso é
não se adivinha
só se sabe depois como se diz

E assim é melhor seguir amando
o que a vida se torna por si mesma

Vou cantando o que quero com firmeza
Pra ser livre no espírito e na dança
é preciso a certeza de um errante
que só sabe do rumo a natureza
do que sente e conhece no caminho
como quem colhe a flor de sua leveza.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

1ª Parte do poema em homenagem a Drummond

NOSSO TEMPO (PÓS-DRUMMOND)
I
Esse é tempo de gente partida
De estranha gente entre mercadorias
Dolorida gente entre fomes dispersas

Mesmo que a semente cresça
Entre encantos tardios
Conversar de novo a velha divisão:
Sou eu mesmo que escrevo?
Ou somos todos com uma mesma mão?
Como dizer o encontro que nos acontece,
Se o gesto espera uma integração?

sábado, 15 de agosto de 2009

TRANSPOSIÇÃO DO LEITO DO TEMPO

A curva gestual descrita e o raio poético reluzente que o ligava à fonte abundante da potência circular do movimento, aberto ao vir a ser do toque preciso, dado com dois dedos de prosa, foi o bastante para excitar...tudo que sabia tinha sabor evanescente... e agora seria melhor soltar o desejo pelo corpo todo.
O homem não esperava que a natureza o conduzisse àquela condição de criador e surpreendeu-se com tempo e espaço abertos aos impulsos mais livres da vontade.
Por pouco não fez do momento uma transposição de tempo e, se desviara o rumo dos acontecimentos até ali, era para que todos os presentes ficassem à vontade.
Assim o verso, imerso no imenso, pairou acima da circunstância e quis apenas sorrir das chances que o acaso lhe dava. Aproveitá-las seria muito servil, e essa servidão voluntária tornou-se caótica. Tanto mais quanto tudo conspirava a favor da grande tentação: o prazer mais natural de poder fazer da vida uma arte de encontros.

sábado, 18 de abril de 2009

Novo livreto: AZULÍRICO




AZULÍRICO - O MAIS NOVO LIVRETO DE IVAN MAIA

AZULÍRICO é o nome do livreto que Ivan Maia está lançando na livraria sebo Praia dos Livros, no Porto da Barra, em Salvador e que traz a produção poética no estilo de poemas curtos do poeta pernambucano radicado na Bahia desde 2004.
Ivan Maia de Mello é poeta, ator e Mestre em Filosofia pela UERJ, onde defendeu a dissertação A autocriação de Zaratustra , professor de Filosofia na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, na Faculdade Metropolitana de Camaçari, no Colégio Anchieta e doutorando em Educação na UFBA. Em 1992 criou o Espaço de Cultura Libertária, em Recife, onde coordenou intensa programação cultural que incluía o evento semanal Sopa Caraíba de recital poético performático assim como o evento itinerante Poesia na Praça, aos Domingos nas praças da cidade, o qual foi adotado em 2000 pela Prefeitura da Cidade do Recife. Foi editor do zine poético Folha ao Vento (1992), da coletânea de poemas Palavra Nômade (1993) e publicou o primeiro livreto de poemas em 1993 - A Semente Precoce , o segundo em 2000 - Vibrasons dos Sonhos . Teve poemas publicados na coletânea Marginal Recife v. 4 (2004) e em vários jornais literários, entre eles o Proesicanteatroz (PE), o Balaio de Gatos (PE), os Escrachados (RJ) e SOPA (BA). Teve seus poemas encenados pelo grupo de teatro do SESC-Santo amaro (PE) e em programa da TVE - Documento Nordeste, além de participar do vídeo Os Antropófagos (TVU-PE) e de programas do canal Futura, Assinando a Língua, interpretando seus poemas, do canal Saúde da Fiocruz, do programa Opinião Pernambuco (TVU-PE), assim como do evento CEP 20.000 (RJ), além de programa especial (em 2006) da TV do Poder Legislativo de Salvador sobre sua poesia, chamado Câmara in verso. Em 2007, teve 9 poemas publicados em coletânea organizada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Desde 2000, pratica Contato Improvisação, estilo de dança contemporânea, realizando performances poético-dançantes.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Participação na Bienal do Livro de Salvador

Convido os amigos para visitarem a Praça da Poesia e do Cordel na Bienal do Livro de Salvador, espaço que será coordenado pelo poeta José Inácio Vieira de Mello, e de cuja programação estarei participando (apresentando meus poemas) como um dos três convidados do primeiro dia do evento, 17 de abril de 2009, apartir de 20hs.
Aquele abraço, Ivan Maia.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Poema da metalinguagem

ESVOAÇANTE

A poesia lança suas metáforas na vida dos homens
Com uma liberdade tão inocente para fazer sentido
Que tudo que foi sentido no peito
Procura agora palavra que o leve
Além de tudo que está posto

Até o momento em que
Transposto em verso
O querer saiba falar de si
Como de alguém até aí desconhecido...

Só então escutará seu próprio ritmo
Como quem dança uma liberdade nova
Recém-nascida do encontro
com o pulsar do instante...

A poesia dança em suas metáforas
A descoberta de um mundo
Até então ocultado a sua sensibilidade
Como um pássaro cujas asas
Inventam seu primeiro vôo.
Ivan Maia

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Os sabores dos saberes

Nem tudo que se sabe da vida
alimenta o amor em seu querer
pois a força sobra perdida
quando o medo se sobrepõe no ser

Saborear prazeres, bem viver
pode até levar à sabedoria
quando se sabe enlouquecer
preservando a lucidez que havia

Mas cada um precisa crer
no que sente e dá sentido
como quem quer assim sofrer
o fim do que é bem vivido.

Ivan Maia