terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Poema de Verão

VERANEIO

Vez em quando é Verão
Na existência do artista

Haverão de encontrar essa pista:
Muita cor no olhar
De quem sorrir e cantar
Pôr o pé na estrada
E, ao som da toada,
Mostrar-se inteiro em paixão
E mais nada...

Saber desfrutar um futuro
Que agora se torna maduro
Requer ser capaz
Do desejo mais puro
Que plantou sua paz
No tempo do sonho

Tudo que disponho
Corpo, afeto, coração
Canta a mesma canção
Captando outro momento
Que segue em movimento
Alcançando até, talvez,
O eterno e o fugaz de uma vez.

Ivan Maia

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Flor do Asfalto

(poema intertextual com A Flor e a Náusea,
de Drummond, em comemoração ao dia de seu nascimento)

Poesia!... Te queria nua, como na palavra flor...
E mesmo que eu dissesse flor, fezes, fogo
Ainda não estaria inteiro
Em tua beleza, degradação e incêndio!

Que a poesia tem disto:
De escapar, de esconder-se
De sair pelo mundo carregando no peito
Algo de tempestade, vulcão ou maremoto
Pronto a inundar a praia espumante
De quem quis ser dono do azul do mar

Lançar-se na paixão rebelde
Antes que a terra se abra em fendas
E a gente afunde sufocando amores...

Fazer do sonho a matéria orgânica!
Onírica em versos de paixão-mulher
Diluição da infância que se faz vento
Pra soprar levezas de um lirismo-pássaro
Até voar!... E voar com olhos bem abertos
Sendo a ave de rapina daquela gente podre
Que não sabe da merda o que ela tem de estrume
Pra fertilizar o solo das nossas paixões

E comer...e comer teu corpo
Em tudo que nele se faz desejo
Na cor da pele, dos olhos ou da blusa
O mesmo blues que nos leva à dança

Pois amor faremos sob o céu
Sob o sol e a chuva que nos molhar
Liberando um cheiro no ar
Quando somos mata úmida a secar

Pois era flor o que se abriu em chamas
E se lançou do esterco de um solo fértil
Reunindo fogo e fezes numa bela flor
Encontro de pétalas e olhos através da cor
Colorindo a vida de quem quis poesia...
Ivan Maia

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Recital Viva a Poesia Viva

VIVA A POESIA VIVA
Recital com poemas de autores nascidos no mês de outubro
Arthur Rimbaud
Carlos Drummond de Andrade
Vinícius de Moraes
Mário de Andrade
Geraldo Maia
Ivan Maia
24 de outubro (quarta-feira), 19 horas
Biblioteca Betty Coelho
Participação dos poetas Bernardo Linhares, Geraldo Maia, Ivan Maia, Gilberto Teixeira, Walter Cezar, os jovens Loran Santos, Priscilla Coutinho, Ivan Sant'Anna, Taís Melo, o grupo de jovens Viver Arte do Cabula e alunos do Colégio Estadual Rômulo Almeida.
Biblioteca Betty Coelho, rua Gustavo dos Santos 38, Boca do Rio
Informações: 3362-0374
ACESSO LIVRE
Esta ação faz parte da programação da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, organizada pela ABCS - Associação de Bibliotecas Comunitárias do Salvador

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Ser vira servir ao eterno vir a ser da vida
O presente é a semente do fruturo
Só a antropomagia nos une
A alegria é a prova dos novos

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Poema em memória do poeta França, morto dia 16/10/2007

DEVORANDO FRANÇA

Poeta de um mundo por ser desentranhado
De sua poética ardente de vida acesa...

Como responderei teus desafios instigantes
Lançados pela vontade de ver o brilho da poesia
Ao redor de nós todos presentes e atentos?

Quem, senão eu mesmo, em luto pelo parceiro
De nossos encontros teatrágicos
Poderia agora responder perguntas lançadas ao além?

Indagações se multiplicam pelas vozes
de tantos poetas que contigo foram errantes
pelas estradas aventureiras da linguagem.

No entanto, uma só certeza nos basta
(ainda que não seja absoluta...):
Tua poesia continuará errante, de boca em boca
E de beijo em beijo, de mão em mão,
A espalhar a força, o pulso, a coragem
De teus transversos e olindelírios...!

Resta muito de tua vida em nós, rasta!
E agora voltas pra Angola-Mãe da ginga
E nós voltamos ao silêncio de um corpoema
Que encontra sua finitude originária:
A que convida a morte para brindar à vida!

A força de teus versos ressoa em mim
E os meus são fortes para brindar também:
À grande vitalidade da Sociedade dos Poetas Vivos ou Mortos!
Ivan Maia

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Ao filósofo, músico e poeta Nietzsche, nascido no dia de hoje, junto com Foucault, no dia do mestre.

INFINIETZSCHE

Infinitivamente agradeser:

Pela revelação visionírica da morte de Deus
e da divina natureza do esforço sobre-humano
no sentido de tornar-se o que se é

Pela apolínea apologia do dionicínico fêxtase
de celebrar tudo que a vida vem a ser

Pela felicidádiva de ir além de si mesmo
e dizer amém ao bem
e amem ao mal também

Pela loucurada sensibilidade
que agradeserve à transmutação afetiva dos valores

Por transsentir a essência de cada fenômeno
através da aparência que o inconscientista da Gaia Ciência examina

Pela ousadia-a-dia que a genial genealogia da moralma
nos incita a experimentalizar

Pela revolição da potência de vidançar a existência
com a ludicidade da criança

Pela inspiração transpiradora do corpoema do fomem transcendentao em sua auto-superação

Pela vitalizante vontade de potencializar os impulsos transbordantes da biológica de nossos instintos criatores

Pela poemanação da respiritualdade teatrágica ditirâmbica

Pela veracidade das transfigurações metafóricas hiperbólicas das intuições numa estética da existência autopoiética

Pela sincronicidade da metamorfase do ocaso da causalidade

Pelo fruturo do moderno retorno do eterno devir.

Ivan Maia

Poema feito no dia do aniversário

ANIL VERSÁRIO

De onde vem os versos cor de anil
Um sentido azuleve deu origem e nome
Meu sangue azul, de tanta poesia, pulsa
Nobreza marinha de palavra viva

O céu me sabe dia claro intenso
Até à noite quando sonho lúdico
E há canção à beira mar do gozo...

Meu azulejo de desejos juntos
Só encontra curvas, desenhando traços
E cruza a mira dos olhos do amor...

Meus olhos nômades passeiam perto
De lábios, seios e tantos desfrutes
Que o ar que deixa o planeta anil
Me inspira e sinto muito mais prazer...
Ivan Maia

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Martelos agalopados para Gandhi

I - MAHATMARTELO

Era paz, era luz e sentimento
Caminhando com a força da verdade
Era o mestre da simplicidade
Não temia o ódio violento
Solidário a seu povo em movimento
Obedecia somente à consciência
Praticava o Jejum com paciência
Conquistou o coração do inimigo
Grande alma era como um sábio antigo
Mudou o mundo comendo vegetais

II - MARTELORGÂNICO

Coração dá o pulso desse sangue
Rio de ferro que corre pelo corpo
O ouvido a escutar é que é o porto
Onde ancora a palavra tem um mangue
A palavra é canoa navegante
Carregando o sentido que anima
Sintonia do afeto é que é a rima
Comunica a magia mais sensível
Afirmando o amor que é possível
Pra elevar nosso canto mais acima

III - MARTELANDANÇA

Essa vida é improviso de repente
E se torna o que a gente inventar
Cultivar toda terra é sustentar
O fruturo que vive na semente
Essa força que sempre ta presente
É a mesma que canta com firmeza
Nossos sonhos que crescem em beleza
Pois a arte é o poder de criação
Desse amor que se espalha na canção
Celebrando o poder da natureza.

Ivan Maia

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Vidançar

VIDANÇAR

Oferecer-se terra
à semente que se lança
em gestos e palavras no ar
e respirar
a vida que se cria agora

Sentir nascer
um corpo que se faz
enquanto é
poesia em movimento
no centro
de tudo que nos faz
amar e cantar
a beleza de ser
o que não se poderia escolher
a não ser encontrando
a oportunidade de oferecer
sua magia...

Dançar a vida
deixar-se conduzir nos passos
pelo ato criador
de cada momento
que se abre como flor
à luz do Sol
e brilha suas cores e aromas
em sereno êxtase...

Ivan Maia

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Primavera

PRIMAVERAZ

Todos verão
Que a primavera
Na Vera
São muitas cores
Florescendo por dentro
Do pensamento
São muitas sementes
Germinando nos entes

A graça de tudo
Que não se diz
Quando se ri de tudo

Todo o lirismo plantado
Na mata de teu coração verdejante
Onde sopra o vento criança
Que dança, e brinca
De ser pássaro no olhar
A voar e pousar
No meu
Encontro que abraça
O azul e seu sol
O canto do dia
O encanto da noite
O tom desse tempo forte
De poder se tornar
A verdade que se é

Ivan Maia

domingo, 16 de setembro de 2007

Os Sertões do Oficina

Na semana da independência, o Teatro Oficina chegou à Bahia, terra do enredo da peça encenada, Os Sertões, que é adaptação livre da obra do Euclides da Cunha. O "furacão" Oficina trouxe seu grandioso elenco, cenário e figurinos para instalá-los no Museu do Ritmo, antigo Mercado do Ouro, na Cidade Baixa, espaço suficientemente grande para o acontecimento desencadeador de uma revolução molecular na subjetividade do baianimado público soteropolitano.
O corajoso público expôs-se à interação maravilhosamente envolvente e desafiadora que os atores do Oficina propõem. Sabiam, pois eram previamente avisados pelos boatos, de que poderiam ser "devorados" pelo grupo de criatores antropófagos dispostos a não compactuar com os pudores castos e hipócritas da moral burguesa.
A interação provocativa do "Te-ato" presente na encenação colocava a platéia em situações de luta, sexo, nudez, festa entre outras. Além disso, o público passava de 5 a 7 horas, com um pequeno intervalo de minutos, assistindo e correndo todos os riscos.
Que outro grupo de teatro no Brasil promove um tal processo de singularização na produção de subjetividade dos participantes de seus rituais dionisíacos de celebração antropofágica?
Parabéns a Zé Celso e a todo o grupo do Teatro Oficina pela grande realização teatrágica de Os Sertões, a grande maratona primaveril de celebração da vida plena em sua potência orgiástica!

domingo, 2 de setembro de 2007