segunda-feira, 17 de agosto de 2009

1ª Parte do poema em homenagem a Drummond

NOSSO TEMPO (PÓS-DRUMMOND)
I
Esse é tempo de gente partida
De estranha gente entre mercadorias
Dolorida gente entre fomes dispersas

Mesmo que a semente cresça
Entre encantos tardios
Conversar de novo a velha divisão:
Sou eu mesmo que escrevo?
Ou somos todos com uma mesma mão?
Como dizer o encontro que nos acontece,
Se o gesto espera uma integração?

sábado, 15 de agosto de 2009

TRANSPOSIÇÃO DO LEITO DO TEMPO

A curva gestual descrita e o raio poético reluzente que o ligava à fonte abundante da potência circular do movimento, aberto ao vir a ser do toque preciso, dado com dois dedos de prosa, foi o bastante para excitar...tudo que sabia tinha sabor evanescente... e agora seria melhor soltar o desejo pelo corpo todo.
O homem não esperava que a natureza o conduzisse àquela condição de criador e surpreendeu-se com tempo e espaço abertos aos impulsos mais livres da vontade.
Por pouco não fez do momento uma transposição de tempo e, se desviara o rumo dos acontecimentos até ali, era para que todos os presentes ficassem à vontade.
Assim o verso, imerso no imenso, pairou acima da circunstância e quis apenas sorrir das chances que o acaso lhe dava. Aproveitá-las seria muito servil, e essa servidão voluntária tornou-se caótica. Tanto mais quanto tudo conspirava a favor da grande tentação: o prazer mais natural de poder fazer da vida uma arte de encontros.